quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Pela Estrada Afora com eles é mais gostoso!

por: Marcelo Zaccariotto

Na hora de viajar sempre rola aquela tensão . O que fazer com os dogs? Hotel? Alguém pra vir em casa cuidar? Deixar com alguma pessoa da família? Todas essas opções funcionam mas a gente sempre fica com um pé atrás. Ou incomoda alguém ou tem um estouro no orçamento, afinal de contas, deixar um cachorro no hotel, muitas vezes, sai mais caro do que o nosso próprio hotel. E quem tem mais de um então? E se eles não são cães que cabem numa bolsa e são aceitos até no Ibis? (sim, eles aceitam cães de bolso) O que fazer? Levem eles junto!

Hora da saída
Bella, Pretinha e Lambisgóia



Eu já tinha feito uma viagem grande com o Lambisgóia em 2010. Foram 10.000 km percorrendo a América do Sul. Passamos por Paraguai, Argentina, Chile, Peru e Bolívia e foi uma das viagens mais memoráveis da minha vida. E eu já estava sedento por mais!

Eu e o Lambisgóia

Primeira parada


Hoje tenho três vira-latas. O Lambisgóia, a Pretinha e quatro meses atrás adotei a Bella. Eu nunca mais tinha conseguido fazer uma viagem longa com eles. Quando conheci a Dora a segunda pergunta que eu fiz pra ela foi se ela toparia viajar com os cachorros (a primeira foi qual era o signo chinês dela). Ela topou na hora e com um sorriso no rosto. Foi ai que eu tive certeza que tinha encontrado uma mulher especial. Decidimos que a nossa primeira viagem seria para a Chapada Diamantina, lugar onde a Dora nasceu e que eu sempre tive muito carinho. Como a Bella esta comigo há 4 meses e não sei ainda como ela se comporta em grandes viagens, resolvemos deixar ela em Monte Santo de Minas com a minha mãe e seguimos viagem com Lambis e Pretinha que já são mais safos na estrada.

Tchau, Bella

Todos de cinto a caminho da Bahia

Quando se viaja com cães o maior desafio é encontrar lugares onde eles são aceitos e uma boa ferramenta para isso é o booking.com, onde é possível filtrar estabelecimentos que aceitam animais de estimação. A viagem anterior com o Lambis foi toda reservada pelo booking, mas no Brasil é diferente pois não é todo tipo de cachorro que eles aceitam e sempre existem regras e burocracias.


Outra dificuldade em viagens longas é onde dormir durante os deslocamentos. Para a Chapada teríamos que dormir uma noite no caminho e a nossa ideia era pernoitar em Montes Claros que é mais ou menos na metade do caminho. Nesse momento colocamos em prática uma técnica infalível que eu descobri na minha viagem pela América do Sul, dormir em motel. Toda cidadezinha de beira de estrada tem pelo um motel na entrada e outro na saída. O grande lance é se aproveitar da discrição que esses estabelecimentos oferecem, a maioria deles não permite contato visual na portaria e a comunicação é por um interfone. Se ninguém latir nessa hora, tudo lindo. Se latir, tenta o próximo. Não tem erro! Além disso, motel é lugar de fazer bagunça. Eles estão preparados pra isso. Se o quarto tiver uma hidro, rola até um banho nos dogs!

Motel em Montes Claros - MG

Lambisgóia só não gostou muito da pátina na parede



Nós queríamos ficar no Capão e optamos por alugar uma casa pelo Airbnb. Tivemos muita sorte, pois o dono da casa era um francês muito gente boa e  topou os cachorros sem problemas, mas desde que eles não comessem as galinhas dele. Isso nos deixou um tanto preocupados, já que o Lambisgóia tem uma queda por bichos que correm dele. Resolvemos assumir e aceitar o desafio. A casa do Nicolas era linda e no final das contas, por incrível que pareça, o Lambis respeitou as galinhas. Uma delas gostava de ciscar fora do galinheiro e as vezes ele dava uns apavoros nela.


Casa do Nicolas no Capão

Lambisgóia de olho na galinha


De Lençois pegamos a trilha de terra para Andaraí. Foram 30km de estrada de pedra e buracos e rios pelo caminho. Depois de cruzar o rio Roncador paramos o carro por ali pra dar um mergulho. A Dora e o Lambisgoia não gostam de água fria e ficaram só de olho de longe, mas eu e a Pretinha fizemos questão de dar um mergulho. O problema foi a volta pro carro. Eu e Pretinha estávamos molhados e cheios de areia. A Dora sofreu um pouco, principalmente quando a Pretinha se jogou lá dentro e espirrou água pra todo o lado, mas logo ela desencanou da bagunça e entrou no ritmo dos dogs. Ainda Bem! Pois quando se viaja com 2 cachorros, ainda mais vira-latas de médio porte, não dá pra se prender a limpeza e organização o tempo todo. Eles acabam tendo que beber água e comer dentro do carro, pisam onde não devem (tipo o radio PY), entram com as patas sujas de terra e as vezes até lama, babam no vidro, pisam nas malas… É uma prática de desapego intensa. E a Dora passou no teste!

Parada no Rio Roncador

Banho de rio
 


Outra questão de viajar com os cachorros são os passeios, pois normalmente em parques nacionais animais de estimação não são aceitos e tem que ficar do lado de fora. Demos prioridade para passeios fora do parque durante os primeiros dias e foi tudo lindo, mas estando na Chapada, não dava para não ir em alguns lugares.


No Pai Inácio por exemplo, como já era esperado, eles não puderam subir. Mas agora com a Cabrita, a Defender 90 da Dora, eles podem ficar amarrados no próprio carro e tem uma sombra grande para se protegerem do sol. Deixamos comida, agua e as caminhas deles embaixo da Cabrita e subimos o morro. Ouvimos ele latindo de lá de cima! Mas o legal é que nos parques sempre tem um guarda que gosta de cachorros e se prontifica a ficar olhando eles. Foi o que aconteceu quando fomos visitar a Cachoeira do Buracão em Ibicoara. Ficamos um pouco aflitos pois o passeio durava mais de 3 horas, mas o guarda foi firmeza. Cuidou deles e acalmou o Lambisgoia. Agora que estamos com a Pretinha ele até que fica mais tranquilo, mas deixar o Lambis sozinho, preso em algum lugar, costumava ser uma tarefa difícil. Na viagem da América Latina, uma vez deixei ele no carro por alguns instantes e só de raiva ele comeu os dois cintos de segurança. 


Na Gruta Azul da Pratinha eles puderam entrar

Volta do Buracão


Na volta do Buracão passamos por um pasto cheio de vacas. Os cachorros ficam loucos com as vacas, cavalos, cabras, outros cachorros e qualquer animal pelo caminho e latem que nem uns desesperados. Os dois latiram muito e nós não demos muita importância. Seguimos pela estradinha de terra por mais meia hora e paramos em um restaurante para almoçar. Ao chegar lá e abrir a porta percebemos que a Pretinha não estava. Lambis, cadê a Pretinha? Chamamos, olhamos em volta na esperança dela ter saltado do carro muito rápido, mas ela não estava lá. Perdemos a Pretinha. Entramos rapidamente no carro e fizemos o caminho de volta tentando lembrar qual tinha sido a última vez que percebemos ela no carro. Voltamos até a entrada do parque, perguntamos para as pessoas… nada. Retomamos o caminho, voltamos até o restaurante. Nada. Um carro passou por nós. Paramos ele na estrada, descrevemos a Pretinha e eles tinham acabado de cruzar com ela perto de um vilarejo uns dois quilômetros dali. Voltamos com pressa, perguntamos para outras pessoas. Chamamos diversas vezes. Nada. Eu e a Dora nos separamos. Eu fiquei embaixo a pé com o Lambisgoia e ela subiu de novo a estrada de carro. Depois de algum tempo chamando por ela ouvi as buzinas da Cabrita de longe. O Lambisgoia correu e dali a pouco a Dora apareceu com a Pretinha do lado. A Dora  encontrou ela assustada e cheia de lama na beira da estrada.


Cadê a Pretinha?



Resolvemos dormir uma noite em Mucugê, já que era mais perto da Cachoeira do Buracão, e usamos o método booking de busca de hotéis em uma lan house da cidade. Nossos celulares Claro não recebiam nem mensagem de texto na Chapada Diamantina. Achamos no booking duas pousadas que diziam que aceitavam cachorros. Na primeira que fomos eles viram os dois e negaram, falaram que não aceitavam animais daquele porte,  mas na segunda, a Pousada Pé de Serra, eles foram muito bem recebidos e até dormiram no quarto junto com a gente.

Pousada Pé de Serra - Mucugê



Na volta pra casa, já com preguiça de ficar procurando hotel no booking e ligando pra ver se de fato aceitariam nossos cachorros, apelamos pra tática do Motel. Dormimos em um em Brumado depois que saímos de Mucugê e depois em outro em Bom Despacho sem nenhum problema e sem eles serem notados.


A viagem foi linda e já estamos pensando na próxima aventura com nossos companheiros. Queremos levar eles para dar a volta ao mundo e estamos trabalhando pra isso.


Claro que viajar com cachorros implica em uma série de concessões e adaptações, mas não tenha medo. Eles sempre vão estar mais felizes se estiverem juntos do seu dono. E a verdade é que nós sempre ficamos mais felizes com eles por perto.


Listamos aqui algumas dicas básicas para a viagem com seus amigos de quatro patas.



1 - Sempre ter um atestado de saúde veterinário provando que eles estão saudáveis e com as vacinas em dia

2 - Cinto de segurança em todo mundo é essencial (falhamos nesse quesito no dia que perdemos a Pretinha.

3 - Levar agua e snack para eles e oferecer no carro. Depois de um tempo eles acostumam e começam a beber e comer mesmo em movimento.

4 - Sempre deixar eles darem uma voltinha nas paradas pra abastecer, o ideal é a cada duas horas

5 - Nunca deixar eles fechados no carro, nem por pouco tempo. Imprevistos acontecem e o carro pode virar um forno e fritar seus amiguinhos

6 - Sempre tem alguém que gosta de cachorro e está disposto a ajudar. Não perca tempo com quem não gosta pois eles nunca vão te entender.

7- Em viagens internacionais você precisa de um atestado de saúde toda vez que atravessar uma fronteira, além de ter que ir no ministério da agricultura local pagar uma taxa de exportação dos peludos pois eles são considerados carga viva.

8 – Leve sempre os potes deles de água, comida e as caminhas. Pra eles também é importante se sentir um pouco em casa.


  

Pretinha feliz com seu snack

Andaraí

Pedindo comida no Capão

"Acho que eu tô vendo uma vaca"

por do sol na estrada


















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