Hoje o dia amanheceu estranho. Havia no ar um clima de despedida.
O Paulo se despediu de nós ali mesmo, onde estávamos tomando café da manhã. Dali ele ia pegar outro rumo e voltar pra São Paulo por outro caminho.
De repente me caiu a ficha que dali a pouco eu deixaria de ver e conviver com aquelas pessoas que já eram parte da minha vida. Enquanto tomava meu café e comia 5 medias lunas, passei a olhar pra todos com nostalgia. Só eu sei a falta que tudo aquilo me faria...
A estrada de Corrientes pra Foz era infinitamente mais interessante e bonita do que a de ontem. A paisagem voltou a mudar e viajamos boa parte do tempo com o Rio Paraná nos acompanhando.
Paramos em um posto pra uma hidráulica e ali nos despedimos da Monica, Antonio e Joaquim. Eles se separaram do comboio e pegaram outro rumo pra chegar mais rápido no Rio de Janeiro. Mais uma despedido. Agora éramos apenas 8. O comboio foi ficando cada vez mais silencioso.
Cruzamos romeiros a cavalo, passamos por vilas pequenas e arrumadinhas. A vegetação de pasto rasteiro do Chaco começou a dar lugar a árvores grandes e quando menos esperávamos, já estávamos de novo rodeados de mata. Até a cor da terra era diferente e o clima de Brasil foi ficando cada vez mais presente. No clima, no ar, nos cheiros, nas fisionomias.
O sono da hora do almoço bateu forte hoje e várias vezes eu tive que apelar pro spray de água e ar condicionado na cara. Foi em um desses momentos que cruzamos com um caminhão apressado do qual desprendeu um bloco grande de barro que atingiu direto o meu carro. Fez um barulhão na lataria e eu e a Julia levamos um susto tão grande que o sono passou rapidinho. Por sorte não bateu no vidro e só vi o estrago feito quando chegamos no destino.
Chegamos em Foz do Iguaçu no começo da tarde. Nosso comboio se dividiu e parte dele quis parar no free shop pra dar uma olhadinha. Nós, Gaias e Matsumura fomos direto pro hotel. Chegando lá, antes de descer do carro, eu desatei num choro que parecia que não ia ter fim. Comecei a pensar em todo o trajeto, em todo o caminho pra chegar até ali. Foi uma superação de várias coisas, foi um grande aprendizado pra mim. Olho pra trás e vejo que fui deixando muitas partes minhas pelo caminho. A Dora que chegou em Foz é muito diferente daquela que saiu de São Paulo. Hoje, quando eu cheguei, eu me senti mais leve e também mais feliz. A Julia chorou comigo, abraçamos Monika e Gaia e tomamos cerveja pra celebrar aquele momento tão lindo.
As 20hs nos encontramos todos e jantamos todos juntos. O Nelson fez um belo discurso homenageando a todos e é claro que eu chorei mais um pouquinho.
O jantar acabou, nós continuamos mais um pouco na cerveja, tentando prolongar um pouco mais aquele dia, mas aos poucos uns e outros foram se retirando e ali nos despedimos. Eu e a Julia vamos prorrogar um pouco a nossa volta e antes de chegar em São Paulo vamos dar mais um rolezinho.
Em Foz do Iguaçu terminou a 57ª Expedição Gaia, a melhor viagem que eu fiz na minha vida.
Mesmo tendo escrito esse blog inteiro, me faltam palavras para agradecer à Gaia por essa experiência incrível. Gaia, Xará, Leli e Monika, obrigada pelo cuidado e atenção que tiveram e pela amizade que construimos.
E o que dizer daqueles loucos como eu que se jogaram nessa aventura de 10.000kms? Que parceiros incríveis! Bravos e incansáveis guerreiros que me acompanharam e com os quais me diverti durante todo o caminho. Nelson e Tereza, Caio e Luiza, Matsumura, Paulo, Pedro, Gracieli e Sergio, Monica, Antonio e Joaquim, Ladmir e Claudia. Obrigada por todo o carinho que me deram durante todo o caminho.
Julia, amiga, ter encontrado com você no Atacama deixou a viagem ainda mais bonita.
Eu sempre soube que essa viagem seria maravilhosa, mas talvez eu não soubesse o que isso de fato significaria. Eu só queria agora voltar lá atrás e começar a arrumar o carro de novo e ir de novo pra Brotas, rumo ao desconhecido e começar esse roteiro mais uma vez, e repetir tudo, do mesmo jeito, do início.
Outras viagens virão, mas essa eu vou guardar pra sempre comigo.
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