quarta-feira, 27 de agosto de 2014

then, she began to breathe...


os preparativos

Tem dias que eu tenho a sensação que essa viagem nunca vai começar. parece que faz meses que estou nos preparativos. Parece que levo uma vida inteira esperando por esse momento que está prestes a chegar, mas o tempo passa e ele nunca vem.

Fechei essa viagem em junho desse ano, mais precisamente dia 11 de junho, em pleno inferno astral, em meio a um turbilhão de emoções novas pós viagem pra Pernambuco. Devo reconhecer que por esse e por outros motivos, dia 11 de junho foi um dia bem importante pra mim em 2014.

Da data de fechamento da expedição até agora, muitos foram os preparativos. O Marcelo nos passou um checklist gigante de coisas que precisávamos ter e fazer para estarmos 100% prontos pra essa viagem. Como é simples viajar de avião... Que trabalho que dá viajar de carro!

Tudo começou com as contas. Números, números e mais números. Rodar 11mil kms não sai muito barato. Esse fator contribuiu e muito para uma certa insegurança e todos os jobs que eu fiz de junho pra cá representaram uma bela porcentagem pra pagar essa viagem. A parte da Gaia, que cuida de toda a parte de logística, apoio e hospedagem, a revisão do carro, as peças de recambio, a documentação, o seguro, a camera, as roupas, o kit comida, o kit farmácia, os bancos novos, o dinheiro pra ir, pra voltar e pra ficar lá... Somando tudo da um Deus nos acuda só! E um medo de ter que lavar os pratos de todos os escritórios da Visa pelo mundo afora. Mas nisso eu penso na volta.

Vacina de febre amarela - já tinha graças ao Amazonas e a Costa Rica.

Carteira Internacional de Habilitação - imprescindível no Chile. aproveitei que tinha que renovar a minha nacional e já fiz a outra também.

Seguro do carro - Vencia agora em agosto. Troquei de Itau pra Porto e levei extensão de perímetro pra alguns países da América Latina. Chile eu paguei a parte, mas preferi ter essa garantia, afinal de contas meu carro não é um Volks e não tem peça e mecânico fácil em qualquer lugar... Melhor contar com um guincho.

Carta Verde - obrigatória na Argentina. É mais um seguro só que para proteger os terceiros.

Documento do carro em dia. Isso já estava ok desde o começo do ano. Menos um problema.

Revisão do carro - done!

Peças extras - já estão todas em uma caixinha. (Faltam só os óleos lubrificantes que chegam na sexta)

Hoje foi dia de tirar xerox dos documentos, autenticar cópias (que eu não consegui pq fui ao cartório de short e chinelo) e procurar mais um estepe pro carro. Eu tinha certeza que encontraria o tal do pneu já na primeira esquina. Resulta que igual ao que eu tenho de estepe a Firestone já não fabrica. Fica aqui a questão, vou só com um estepe ou gasto mais um milhão e compro o Yokohama top de linha?

Além de toda essa parte prática e de coisas burocráticas que vou tirando do caminho, procurei também me preparar um pouco físicamente e treinar um pouco esse corpinho. Faço ginástica funcional na Articular já a algum tempo, mas sempre fui daquelas atletas turistas, que vai só de vez em quando e no dia seguinte ta toda dolorida. Depois de um longo período sem ir em função dos trabalhos e da mudança de endereço da academia, me caiu a ficha de que eu ia passar muito tempo sentada e que minha lombar de idosa com hérnia de disco podia não suportar os baques do caminho. Eu já travei a coluna algumas vezes e lembro que quando comecei a dirigir o carro eu sentia bastante dor nas costas, punho e joelho (not funny). Conversei com o pessoal da Articular e o Guilherme e o Dani elaboraram um treino pra mim focado nessa viagem e não é que eu tenho ido quase todos os dias bem direitinho?

Apesar do corpo ter se comportado bem nesses últimos meses, segunda-feira eu acordei com uma dor aguda na lombar que me seguiu ao longo de todo o dia. Essa última semana de pré está sendo intensa e dolorida. Terça-feira a dor ainda estava, fui na Articular, tentei treinar, alonguei, mas fui encaminhada até a sala de quiropraxia. Meu quadril estava fora do lugar, eu tava toda torta e desconjuntada e vi estrelas enquanto o Lucas me torcia. Sai de lá um pouco aliviada, mas ainda não curada. Acabei indo direto pra acupunturista. Odeio agulha, mas sabia o bem que aquilo me faria. Já fui pra casa um pouco melhor, mas tenho a sensação que essa dor latente pouco tem que ver com o meu corpo físico.

Essa viagem tem trazido com ela um desapego que está sendo sofrido. Tenho a sensação que deixo pra trás a minha vida inteira por um breve espaço de tempo. “É só uma viagem, Dora, um mês, quantas vezes você já não fez isso?” Mas, Ai Meu Deus! Que tenso!

Ano passado eu também passei 1 mês fora de casa e lembro que ao sair daqui senti até um certo alívio. Mas dessa vez está um pouco mais difícil. 2014 está sendo o ano de um feliz recomeço, de um novo ciclo, de conhecer pessoas novas e queridas, de ter minha casa, meu bichano amado, meu canto, do meu jeito. Por mais que eu ame o mundo, dessa vez me angustia pensar que passar todo esse tempo fora pode mudar tudo aquilo que eu tenho levado meses construindo. Eu pensei nisso quando fechei a viagem. E o fiz morrendo de medo. Mas uns anos atrás eu abri mão de mim e de tanta coisa por medo... Medo da mudança, medo da perda, medo do novo, medo de mim, medo do tempo. Dessa vez tinha que ser diferente. Fechei os olhos e me lancei ao vento.

Agora, 4 dias antes de ir, eu percebo que por mais ansiosa, nervosa e feliz eu esteja, existe também uma paz autêntica aqui dentro. Se eu não fizesse por mim o que estou fazendo, não estaria experimentando esse turbilhão de emoções complexas e confusas que mexem com tudo de dentro pra fora e de fora pra dentro. É só um mês fora, mas toda essa pré produção já mexeu em gavetas que estavam esquecidas fazia tempo.

Eu não vejo a hora de partir, mas dessa vez parte de mim vai ficar aqui. 
E quando eu tiver que voltar, o farei feliz. :)














terça-feira, 19 de agosto de 2014

riding alone

Viajar de carro, pegar estrada, ir até machu pichu, cordilheiras e ushuaia, dar a volta ao mundo, tudo isso sempre fez parte da minha wishlist pessoal, assim como ter a defender. antigamente eu dizia que a defender era o meu único sonho de consumo. agora que ela já é real, meu sonho é levar ela pra viajar, viajar, viajar, se perder pelos caminhos...

Mas nas minhas fantasias com viagens, apesar de não saber ao certo quem iria comigo, eu sempre imaginava que teria alguém do meu lado. Mãe, irmão, amiga, marido...

Eu comecei a viajar muito cedo. sai da chapada pra Ilhéus com 6 meses, aos 11 anos fui morar na escócia com a minha mãe, voltamos 1 ano depois e depois de 3 fomos morar na Espanha. 4 anos de passaram em La Ràpita, fui morar em Salvador, depois Ilhéus outra vez, de lá vim pra São Paulo, em 2010 resolvi voltar pra Espanha, não aguentei nem um ano e cá estou em São Paulo novamente. Continuo planejando ir embora daqui, mas ainda não sei ao certo pra onde ir.

Entre todos esses anos pra lá e pra cá aproveitei pra circular. França, Inglaterra, Suiça, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Croácia, Turquia, Japão, Buenos Aires, Costa Rica... Amazonas, Bahia, Pernambuco, Porto Alegre, Piauí, Noronha, Fortaleza, Floripa. Até hoje muita gente nem sabe se a Dora já foi ou já voltou. Eu voltei... Mas vou estar sempre indo.

A maioria dessas viagens eu fiz acompanhada. Nunca fui de colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo batendo perna sozinha. Gosto de ter com quem dividir, conversar, dar risada. Quando eu comecei a pensar em fazer a expedição, só depois de um tempo eu percebi que talvez essa seria a primeira vez que eu veria uma infinidade de coisas sozinha.

Estar de fato sozinha é algo que eu acabo praticando pouco no meu dia a dia. Moro com a Vivian, trabalho sempre com muita gente, saio bastante, até que tenho bastantes amigos. Mas estar sozinha e curtir estar sozinha, acaba se resumindo a poucos momentos. e são sempre momentos que me acalmam, que me deixam mais segura e mais tranquila.

Acho que passar tanto tempo dirigindo vai me ajudar a colocar a minha vida e meus sentimentos em dia. Serão muitos os momentos de reflexão, de ouvir música ou estar em silêncio, de sorrir ou de chorar. sozinha.

Por sorte o meu ímpeto aventureiro é prudente e no fundo no fundo eu só estarei algumas horas do dia sozinha. Estaremos em 10 carros, andando em comboio, falando pelo rádio. Talvez até chegue uma hora que eu precise dizer “pessoal, com licença, vcs poderiam me deixar comigo um pouquinho?”

Houve um momento lá atrás que eu falei “eu vou.” E não pensei com quem e nem como seria. Eu decidi que esse era o meu timing, a minha viagem, e que eu iria mesmo sozinha. Chamei meu irmão mais velho, uma ou outra amiga, um amigo que também tem Land, mas com todos os percalços da vida, nenhum deles pôde ir comigo. Pensei algumas vezes em desistir, em esperar achar uma companhia, mas no final eu percebi que talvez seja esse mesmo o caminho.

Nada melhor do que uma estrada pra encontrar o próprio desconhecido.
































domingo, 17 de agosto de 2014

A revisão do carro

Fazer uma viagem tão longa de 4x4 requer diversos cuidados e a minha prioridade sempre foi a revisão do carro.
 
Minha Land é usada, ano 2003. O dono anterior tirou ele zero da loja, cuidou com muito carinho, levou o carro pra passear no Ushuaia e teve que vender porque estava de mudança pros Estados Unidos.
 
Quando eu voltei da espanha em 2011, eu já voltei pensando em comprar uma defender, afinal, como eu já comentei, sempre foi o carro dos meus sonhos. meu irmão, minha avó, minha mãe, resumindo, quase toda a humanidade que me importava, me persuadiram a não comprar o tal bendito carro, afinal de contas, não fazia sentido eu ter um carro tão grande em são paulo, depois de 6 meses eu ia querer vender, bla, bla, bla. ok, pensei eu, deixa eu procurar um carro mais “de boa”, “de menina”. pesquisei, pesquisei… comprei um fit. ótimo carro. preenche todos os requisitos importantes. econômico, confortável, seguro, estável, compacto… não teve um dia sequer que eu não entrei no fit e pensei “por que eu não comprei a defender?”. Depois de 2 anos de infelicidade conjugal com o meu veículo eu resolvi que era hora de colocar um ponto final nessa angustia e comecei a procurar a minha tão sonhada Land.
 
Www.webmotors.com, land rover, defender, 2001 a 2010, são paulo. busca.
apareceu só uma página, com umas 4 opções. olhei uma, olhei a segunda. interessante. mostrei pro meu irmão (nesse momento ele já tinha entendido que eu precisava mesmo trocar o carro e me apoiou). “interessante” ele concordou. liguei pro dono, marquei a visita. levei o meu irmão a tira colo já que ele tem um troller, uma rural, e entende bastante de 4x4. Lá estava ela… Linda. Verde. Naquele momento eu soube que ela ia ser minha.

Olhamos o carro minuciosamente, saímos pra dar uma volta comigo dirigindo, meu irmão fez várias perguntas, olhou por baixo, por cima, de lado. E eu acompanhando tudo de perto e torcendo pra ele me dar o aval. Ele me chamou de canto. “você quer mesmo esse carro?” “sim, sim, eu quero” respondi. “ela tá legal, né? gostei de dirigir, gostei dela. tá boa? posso comprar?”. “Pode, aproveita. Ela tá muito bem cuidada.”

Uma entrada na hora e poucos dias depois eu já fui buscar o carro, assinar o dut, pagar o restante… e sai de lá dirigindo a minha defender. a minha defender. “olha aqui! olha aqui! a minha defender!”. Acho que eu cheguei em casa com caibra na bochecha de tanto que eu sorri no caminho do Morumbi pro Pacaembu.

Depois de alguns dias de puro êxtase, curso de direção 4x4 e alegrias, foi o momento de levar a Land pra primeira revisão.

Cheguei na The Specialist do Luiz Fraga, que já era a oficina do carro, e ele me apresentou todo o histórico dela. O Luiz me explicou tudo que ele já tinha feito, quais eram os truques do carro e me parabenizou pela compra. O carro estava muito bom e foi muito bem cuidado. Yes!

Um ano se passou, tive que voltar na oficina vez ou outra em função de desgaste natural de peças e duas semanas atrás lá fui eu novamente para fazer a segunda revisão.

O Felipe, filho do Luiz, que também trabalha na oficina, tem cuidado de perto da Land e acompanhou comigo todo esse processo. O Marcelo da Gaia já tinha me passado uma lista de coisas importantes pra serem revisadas no carro. Acrescentamos todas elas à lista do Felipe e fizemos um mega check up no carro pensando nos 11mil kms que serão rodados. Aproveitei a ocasião e desculpa da viagem pra trocar os bancos e o console do carro. Tantos kms com o banco original ia deixar a minha bunda quadrada e minha coluna destroçada. Encomendei bancos e console novos na Rallye Design e enquanto faziam a revisão eles foram lá na oficina e já trocaram os velhos.

Fiquei sem carro por quase 2 semanas, até que finalmente chegou o dia de ir buscar a bichinha. Dia de ir na oficina buscar o carro é pura alegria. Adoro chegar lá e ver todas aquelas Land Rover, conhecer outras defender e imaginar os caminhos que elas fazem. O Felipe me mostrou uma 110 que está sendo preparada pra uma volta ao mundo. Eu só pensava que um dia vai ser uma minha que ele vai mostrar.

O Felipe me mostrou o que trocaram, o que mexeram, o que estava bom e o que não teve jeito. Não entendo metade das coisas e porquês, mas eu gosto quando ele me explica. Acho que por osmose em algum momento toda essa mecânica fará sentido.

Trocamos palhetas, correa do alternador, do ar condicionado, rolamento do esticador, filtro de óleo, filtro de combustível, óleo de carter, filtro de ar, pastilhas de freio, correia dentada, kit de polias e retentores, bomba de água e respectivo suporte, bucha do amortecedor traseiro, junta da tampa de válvulas, junta do suporte do filtro de óleo. Algumas dessas peças trocadas também estão indo comigo para reposição. Já tenho uma caixa com novo filtro de ar, de combustível e de óleo, lâmpadas, fusíveis, palhetas, óleos, e mais outras coisinhas. Além de tudo isso ainda tiramos o quebra mato, proibido na Argentina, e tentamos dar um jeito no guincho, que realmente não quis funcionar e que vai ficar pra ser consertado na volta. Acho que não vou ficar em nenhum atoleiro pré colombiano.

A Land voltou pra casa tinindo! e os bancos novos… agora é só partir rumo ao infinito.

o dia que eu me apaixonei
a triste retirada do quebra mato
as primeiras peças do kit Land viagem


sábado, 16 de agosto de 2014

o trajeto e a Gaia






Machu Pichu, Titicaca e Atacama. 
Dia 2 de setembro começamos a nossa jornada.

Eu, os organizadores com os carros de apoio e mais alguns integrantes da expedição, saimos de São Paulo dia 2, chegamos em Porto Velho dia 5, nosso ponto de encontro com o restante dos participantes, e dia 6 partimos pra Rio Branco já em comboio.

A Gaia Expedições é especializada em grandes viagens Off-Road em meio aos mais variados tipos de ecossistemas. Atuando no Brasil e América do Sul desde 2001, a GAIA garante toda a organização necessária em viagens, expedições e eventos Off-Road, além de oferecer logística precisa de itinerários, apoio mecânico e operacional em viagens, assim como a colaboração em filmes de aventura e atividades ao ar livre. 

Conheci a Gaia através de duas excelentes indicações, o Luiz Fraga (The Specialist), quem cuida do meu carro com muito amor e carinho, e do João Roberto Gaioto, instrutor do meu curso de 4x4 e pessoa de grande notoriedade no mundo do off road.

O Marcelo Fuzinato, dono da Gaia e organizador de todas essas expedições, sempre me tratou com muita atenção e carinho, sempre respondendo prontamente aos meus emails recheados de dúvidas e anseios.

Viagem fechada. Agora começam os preparativos.

Como bem diz o Marcelo, VamuKiVamu!


Pela Estrada Afora - O início

Se eu tivesse que dirigir um filme sobre a minha vida, ele começaria com uma sequência do meu “pai” sozinho dirigindo o cabritão, a caminhonete da família, pelas estradas da Chapada Diamantina. O vidro aberto, o braço apoiado na porta, o sol do sertão entrando pela janela, um barulho contínuo e alto de motor, a poeira sendo levantada na estrada de terra.

O cabritão, e todos os que o seguiram e tiveram o mesmo nome, era parte da família. Meu pai andava com ele pra cima e pra baixo e minha mãe também dirigia aquele trator como quem dirige um fusca. Nós mudamos da Chapada, fomos pra Ilhéus, e lá também o cabritão era parte de nós. Era com ele que nós íamos pra fazenda em Olivença, mãe e pai na frente, coco, jaca, cachorros e crianças na caçamba velha de madeira. Viajamos com ele pra Chapada, pra Pernambuco, pra Barra Grande quando ainda mal tinha estrada. Com ele fomos diversas vezes pra escola, pra desespero dos meus irmãos que não gostavam de desembarcar de trator na porta do colégio.

Anos de atoleiros e aventuras 4x4
se passaram. Meu pai se foi, o cabritão deu lugar a um Gol, depois uma Ipanema, e aos poucos aquelas aventuras a bordo de um toyota bandeirante ficaram resumidas a uma feliz lembrança.

Por tudo isso, sempre habitou em mim o espírito off road de viagens. Sempre gostei de viajar de carro, de sentir o vento na cara, de observar a paisagem variando gradualmente do lado de fora. Gosto de sentir o cheiro do mato e do mar se aproximando. Gosto do sol na cara, do medo dos caminhões, do iminente perigo que podemos encontrar pelo caminho. Gosto da jornada que representa fazer uma viagem de carro.

A Marcella e a minha avó sabem que não é de hoje que eu sonho em ter uma defender. As duas, e diversos outros amigos, tiveram que me aturar por muito tempo sonhando alto em ter uma delas e apontando animada pra todas que via na rua. “Olha lá! Olha lá! Uma Land!”. Ainda lembro da cara das duas quando eu apareci com a minha.

Parece que foi ontem, mas já faz um ano que eu finalmente tomei coragem e resolvi comprar o meu tão sonhado 4x4. Meu carro é daqueles que ninguém entende, que quem não me conhece olha torto e acha que é só um capricho. Mas quem me conhece de verdade sabe que nenhum outro carro faz sentido. Que nenhum outro combina tanto comigo. O barulho do motor a diesel, o chacoalhar duro, a direção grande, o calor que vem do freio de mão e da bateria, a ausência de dispositivos eletrônicos que apitam, a possibilidade de passar por qualquer terreno... Tudo isso me remete à infância, à minha história, ao meu começo de vida. Andar de defender em São Paulo, por mais louco que pareça, torna a minha vida bem mais divertida.

Fiz um curso de 4x4, dei umas voltas na lama, senti o potencial do carro. Peguei uma ou outra estrada. Guarujá, Bocaina, Jaú e Rio de Janeiro. Mas foi no final do ano passado resolvi que era hora de dar passos maiores e fazer uma expedição motorizada. Nesse ímpeto louco, quase fui pro Ushuaia.

A empreitada não rolou, mas a vontade não passou. Falei com um, falei com outro, pedi dicas e conselhos e cheguei até o Marcelo da Gaia Expedições. Em 2014 eles iriam pra Machu Pichu! Estudei o mapa, o caminho, as possibilidades, as datas... Setembro. Nossa, faltava tanto tempo pra setembro… Mas no final das contas o tempo passou rapidinho. Hoje já é dia16 de agosto e pra pegar a estrada falta só um tantinho.

Dia 2 de setembro começa a jornada.

Serão 11mil kms, 4 países, 10 carros 4x4, e na minha Land todos os meus sonhos, minhas lembranças, algumas playlists, peças sobressalentes, malas, cameras... e eu. sozinha.

Esse blog é pra contar um pouco sobre essa aventura, sobre o meu caminho.

Seja bem vindo.

:)
o primeiro cabritão lá na Chapada Diamantina

o caminho pra fazenda de Olivença

eu e o cabritão em Ilhéus

eu e meus irmãos voltando da fazenda

Muro Alto em 1986. Farofa em família